O município de Palmeira está em festa. A cidade passou, na última sexta, a ser o lar de mais um brasileiro ilustre que alcançou uma marca extraordinária: Elpídio José de Farias completou 100 anos, um privilégio reservado a poucos. E as surpresas, ao conhecer o ilustre palmeirense, não para param por aí.
Ao adentrar na residência de Elpídio, somos imediatamente cativados pela sua vitalidade e, acima de tudo, pela lucidez impressionante. Ele mesmo nos revela, orgulhosamente, a data de seu nascimento: 19 de maio de 1923. A filha, Dona Salvelina, enfatiza que a leitura desempenhou um papel fundamental na preservação da memória invejável de seu pai. “Ele sempre foi um ávido leitor, um homem sereno e honesto”, relata com admiração, ressaltando a honestidade como o ensinamento mais valioso transmitido por ele.
A alimentação de Elpídio também é motivo de admiração. Segundo sua dedicada cuidadora, Eduarda Atanásio, ele se alimenta de forma exemplar, surpreendendo até mesmo pessoas de idade mediana. “Ele adora batata-doce, polenta, linguiça e consome uma variedade de frutas. Além disso, ele não bebe refrigerantes”, comenta Eduarda. “Aos domingos, ele até permite-se saborear um golezinho de caipirinha”, acrescenta Dona Salvelina, aos risos. Logo pela manhã, Elpídio é quem prepara o seu próprio chimarrão, mostrando que a autonomia ainda faz parte de sua rotina. Além disso, ele faz questão de morar na própria casa, ao lado da filha.
Um homem de muito trabalho
A trajetória de Elpídio revela múltiplas facetas de uma personalidade marcante. Além de ter trabalhado como agricultor, ele também seguiu os passos de seus pais como professor na localidade onde nasceu, Encruzilhada Barra Grande, atualmente São Sebastião do Canoas. Durante 18 anos, ele moldou mentes jovens, até que um convite inesperado mudou sua trajetória. A oportunidade de se tornar cartorário na sede de Palmeira surgiu, e ele a agarrou com determinação. Ao longo de sua vida, Elpídio também serviu o exército brasileiro, na cidade de Curitiba, demonstrando sua dedicação e comprometimento para com a pátria. E ele lembra o regimento no qual serviu: o 3º Regimento de Artilharia Montada (RAM).
Elpídio foi agraciado com uma família amorosa. Casado com Miguelina dos Santos Farias, falecida aos 91 anos, ele teve quatro filhos: Salvelina, Osvaldina, Clóvis e Miguel. Seu legado se perpetua através deles e de sua descendência, que honram o nome da família, que conserva até mesmo seus livros e utensílios.
Além de todas essas atividades, Elpídio encontra tempo para meditar e refletir sobre a vida. Às seis da tarde, pontualmente, ele se entrega à oração e à meditação, um hábito que tem inspirado sua cuidadora Eduarda. “Completar 100 anos é uma data espetacular. Eu amo viver, refletir e contemplar”, disse um sorridente e feliz Elpídio.
A história de Elpídio é um exemplo inspirador para todos nós. Sua vitalidade, sabedoria e espiritualidade são testemunhos de que a idade é apenas um número quando se vive com intensidade. Que a trajetória desse homem extraordinário nos sirva como uma poderosa motivação para enfrentar o dia a dia com paixão e gratidão. Afinal, independentemente da quantidade de anos que temos, a vida é um presente divino que deve ser celebrado a cada instante.
Museu memorial
A prefeita Fernanda Cordova e o vice-prefeito, Sandro Masselai, estiveram na casa de Elpídio para parabenizar o ilustre palmeirense. Durante a visita, ambos ficaram impressionados com a história e com a quantidade de itens que a família preserva, inclusive vários livros e anotações que registram, além da história de Elpídio, a história do município.
A prefeita planeja construir um espaço para honrar o legado de Elpídio. “É um privilégio muito grande, para nós, poder estar ao lado de alguém com uma história tão bonita. Precisamos honrar essas pessoas e preservar essas memórias, que são a história de nossa cidade. Vamos buscar um local para construir um espaço para isso. Seu Elpídio, assim como outros idosos de nossa cidade, são um exemplo que precisam ser seguidos por todos nós”, disse, emocionada, a prefeita.
